- Paulo Sérgio Rosseto
PIRATA
Arrebataria meu barco em alto mar
De encontro a um vagalhão inesperado
Alquebrada, a proa soçobraria a estibordo
E suas partes desencontrariam por esse velho casco
Assim esfacelando blocos inteiros
Afundariam docemente entre as salgadas lágrimas
De olhares brejeiros
Entenderíamos que a solidão do mar
Seria bem menor que a de não amar
E que a dor de amar nada seria
Ante a ávida gula desse voraz veleiro
Inundado de saudade navegada e navegante
Por um qualquer timoneiro
Apartado de ansiedade retida sem serventia
Quisera atirar nesse oceano toneladas de poemas
E vê-los manchando as encostas
Escritos nas areias meladas de poesia